Sobre um comentário ao cromo anterior
Se calhar mereço o epíteto, independentemente do caso concreto, mas vou usar da pregorrativa de este blogue ser meu para responder aqui, e não lá, ao comentário.
Segundo o Código do Direito de Autor, paródia é uma criação original, "ainda que inspirada num tema ou motivo de outra obra". Portanto, o Gato Fedorento queria fazer uma paródia, inspirou-se num tema ou motivo de outra obra, e o resultado é uma criação original, portanto de assinatura sua (ou de Ramon Galarza), portanto sem ter de pedir autorização ao autor original, portanto sem ter de lhe pagar direitos.
Portanto, é um argumento perfeito. Portanto, parabéns. Demais a mais porque o Gato Fedorento é um grupo humorístico a quem fica muito bem fazer paródia. Portanto, está resolvido, portanto arquive-se. E pelo meu equívoco assumo-me realmente como palerma e peço desc...
Espera. O argumento da paródia não foi invocado pelo Gato Fedorento na entrevista que citei no cromo anterior. Ali dizem que andaram à procura de inspiração e que só não pagam os direitos de autor porque a música teve "pequenas alterações" (argumento que o Código do Direito de Autor não aceita...).
Parece-me pois que a paródia não estava na mente do Gato Fedorento e só surgiu a posteriori. Até porque para haver paródia convém haver um parodiado conhecido e reconhecido, o que não é o caso, e que seja uma imitação burlesca ou a ridicularizar o original, o que também não é o caso, uma vez que a imitação é bastante fidedigna.
De qualquer modo, aceito que se vão safar com a tese da paródia e que não haverá lugar a acusação de contrafacção, vulgo plágio. Ao humor tudo é permitido, já dizia o Herman José quando não lhe tiravam os programas do ar.
1 comentário(s)
O "corta-e-cola" é um recurso muito frequente quando a inspiração escasseia. Por isso, e se calhar, os G.F. inspiraram-se na "tesoura" que aparece logo na apresentação da cena plagiada...
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Evidentemente que há situações em que uma coisa dessas é aceitável - às vezes até se lhes chama "homenagem", e o cinema está cheio disso. Mas, nesses casos, é absolutamente necessário (como aqui se diz) que o copiado/homenageado seja reconhecido como tal pelo espectador.
De contrário, a designação é plágio - um acto muito feio, quer seja cometido por historiadores, quer seja cometido por humoristas.
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