Cromo antigo

30-Abr-2007. Programa "Herman 98" ou "Herman 99" (já não me lembro), RTP Memória. Mudam-se os tempos mas, apesar dos oito ou nove anos que este cromo já tem, não se mudam os erros.

Pensar com os dentes

24-Abr-2007. Telejornal, RTP 1, com uma audiência média superior a um milhão de espectadores. Pensou com os dentes, em vez de acareação saiu-lhe "acariação" [sic].

Perfume espanhol

24-Abr-2007. Revista publicitária do El Corte Inglés. Os espanhóis nunca hão-de conseguir escrever "fragrância". Escrever "fragância" é um sinal distintivo, mas não significa que lhes dê distinção.

Revolução silenciosa

19-Abr-2007. Tabuletas nas lojas The Phone House (na foto, a do centro comercial Oeiras Parque). Como é que ainda não ouvi falar sobre esta verdadeira revolução no mercados das comunicações móveis? Então esta empresa inglesa com mais de 140 lojas em Portugal está a dar carregamentos grátis para os três operadores móveis, e ninguém, nenhum jornal falou no assunto? Caramba, quando cada português já tem em média 1,3 telemóveis, isto devia ser notícia! Só não sei qual é o modelo de negócio que permite à empresa oferecer os carregamentos - se calhar faz o lucro na venda de equipamentos, se calhar as chamadas passam a ser acompanhadas de publicidade, se calhar há um limite de carregamento para cada cliente, se calhar eu é que estou a interpretar mal a tabuleta. Eu, palerma. --~~~~

"Take it easy!"

14-Abr-2007. Folheto da marca de sapatos de corrida Reebok, recentemente comprada pela Adidas, visto na rua já na forma de lixo. Em França há uma lei de protecção da língua local que é ferozmente defendida, sobretudo na publicidade. Em Portugal, curiosamente também a há (*). Digo "curiosamente" porque ninguém sabe disso, e por ninguém saber disso é que ninguém defende a lei. Quem devia saber, o Instituto da Publicidade, não faz nada. A Reebok bem pode dizer "run easy" sem se preocupar, numa de "take it easy", porque ninguém a irá com certeza incomodar. E é admirável como não dão erros em inglês, mas no português é inexorável - lá está o erro no "pretexto [de] que precisavas".

(*) DL 236/86, de 19-Ago

Porque é que há homens e há macacos

12-Abr-2007. Livro Por que [sic] é que os empreendedores devem comer bananas, da portuguesa Actual Editora. O Homem é o único animal capaz de aprender com os seus erros. Vamos lá ver se os responsáveis desta editora também vão aprender com este erro ou se são daquela espécie que passa os dias a comer bananas.

Sobre um comentário ao cromo anterior

24-Mai-2007. Amigo anónimo escreveu este comentário ao cromo anterior intitulado "Grandes momentos do direito de autor nacional": "palerma, não é plágio, é paródia."

Se calhar mereço o epíteto, independentemente do caso concreto, mas vou usar da pregorrativa de este blogue ser meu para responder aqui, e não lá, ao comentário.

Segundo o Código do Direito de Autor, paródia é uma criação original, "ainda que inspirada num tema ou motivo de outra obra". Portanto, o Gato Fedorento queria fazer uma paródia, inspirou-se num tema ou motivo de outra obra, e o resultado é uma criação original, portanto de assinatura sua (ou de Ramon Galarza), portanto sem ter de pedir autorização ao autor original, portanto sem ter de lhe pagar direitos.

Portanto, é um argumento perfeito. Portanto, parabéns. Demais a mais porque o Gato Fedorento é um grupo humorístico a quem fica muito bem fazer paródia. Portanto, está resolvido, portanto arquive-se. E pelo meu equívoco assumo-me realmente como palerma e peço desc...

Espera. O argumento da paródia não foi invocado pelo Gato Fedorento na entrevista que citei no cromo anterior. Ali dizem que andaram à procura de inspiração e que só não pagam os direitos de autor porque a música teve "pequenas alterações" (argumento que o Código do Direito de Autor não aceita...).

Parece-me pois que a paródia não estava na mente do Gato Fedorento e só surgiu a posteriori. Até porque para haver paródia convém haver um parodiado conhecido e reconhecido, o que não é o caso, e que seja uma imitação burlesca ou a ridicularizar o original, o que também não é o caso, uma vez que a imitação é bastante fidedigna.

De qualquer modo, aceito que se vão safar com a tese da paródia e que não haverá lugar a acusação de contrafacção, vulgo plágio. Ao humor tudo é permitido, já dizia o Herman José quando não lhe tiravam os programas do ar.

Grandes momentos do direito de autor nacional

23-Mai-2007. Diz que é uma espécie de plágio mal assumido. Este é o genérico do programa do grupo humorístico Gato Fedorento "Diz que é uma espécie de magazine", com a composição da música atribuída a Ramon Galarza, por encomenda dos autores do programa:

Pelo menos era isso que ele dizia nas entrevistas, que tinha pedido ao Ramon Galarza que compusesse uma música para o genérico. Até que alguém descobriu isto:

Diz agora o Gato Fedorento que sempre afirmou que a música não era original, que a ideia do genérico não era original, que tinha andado à procura de inspiração na Internet e que a tinha descoberto. Diz também que pediu ao Ramon Galarza "para adaptar a música" e diz finalmente que por causa disso não paga direitos de autor, "graças às pequenas alterações efectuadas na música".

É aqui que o Gato Fedorento diz mal. O direito de autor não protege orquestrações ou arranjos de músicas, mas protege o essencial da música, ou seja, a melodia e a estrutura da composição. Quando se reconhece uma melodia noutra música, das duas uma: ou é uma adaptação autorizada, isto é, que paga direitos de autor ao compositor original, ou é uma adaptação não autorizada, isto é, um plágio.

E é absolutamente inequívoco que a música "de" Ramon Galarza não é mais que um arranjo da música original uma vez que a melodia original é identificável do princípio ao fim.

E a lei diz que a melodia original é sempre protegida, independentemente dos arranjos originais (ou orquestrações) que se lhe façam. Esses arranjos ou orquestrações estão protegidos por outros direitos, mas não interferem, muito menos anulam, os direitos da melodia em estado puro.

O direito de autor é uma área muito complexa e por vezes obscura, por causa da definição de obra original, de obra derivada e dos direitos conexos. Tenho a certeza de que o Gato Fedorento se atrapalhou involuntariamente na interpretação da lei. É justo que, agora que já foi alertado para o erro, corrija a autoria da música do genérico e, mais importante ainda, pague os direitos ao compositor original. O que vai ser engraçado é que neste caso não se trata de direitos de autor simples (cujo valor é tabelado e fácil de calcular), mas trata-se de direitos de sincronização cuja negociação é totalmente discricionária, podendo o compositor pedir o que quiser, restando ao Gato Fedorento conseguir chegar a acordo de verbas, ou retirar o genérico do ar e sujeitar-se a um processo por plágio.

Devem estar a gozar connosco

01-Mai-2007. Anúncio online à cerveja Super Bock Green, da Unicer, feito pela agência italiana Fullsix, enviado por um amigo. Pela mais que repetida, pela sistemática insistência em dar o mesmo erro, não tenho dúvidas de que quem trabalha nessa agência, e que já vi pelos registos de acesso a este blogue que costuma ler o que escrevo, já não é gente burra nem sequer casmurra, é mesmo gente deliberadamente incompetente. É gente que insiste em abastecer-se em "super mercados", ou talvez "hiper mercados", e que anda de "auto móvel" por "auto estradas" enquanto fala ao "tele móvel" ou vê "tele visão" no ecrã do "auto rádio", combinando a próxima "mega promoção" para anunciar o "hiper jackpot" do "Euro Milhões". Custa-lhes muito lidar com prefixos? Corta-lhes assim tanto no lucro da sua actividade? Ou é só para gozar connosco?

"Bem vindo" [sic] à Casa da Leitura!

23-Abr-2007. www.casadaleitura.org, um sítio da Fundação Calouste Gulbenkian. "Projecto inovador de promoção da leitura", portanto muito louvável. A ver se haverá por lá alguma gramática ou prontuário que os próprios responsáveis possam ler.

Editora pouco civilizada

22-Abr-2007. Etiquetas autocolantes em capas de livros da Civilização Editora. Pode ser um sinal de civilização global, mas para mim e para o amigo que me enviou este cromo, é um sinal de editora pouco civilizada.

Especial Playstation 3 IV

15-Abr-2007. Folheto publicitário da Sony Playstation 3. Podia ter começado o Especial Playstation 3 por este cromo, mas é por ele que vou terminar, porque "bem vindo" [sic] não é forma de saudar este que comprou a máquina e, insatisfeito, tentou mas não conseguiu devolvê-la. É a vida ou, como se diz em linguagem impune, "this is living".

Acusada de "imparcialidade" [sic]

20-Abr-2007. Jornal Público, enviado por um amigo. Quando se acusa alguém de imparcialidade, das duas uma: ou no CDS não há lugar para gente honesta, ou então foi a jornalista Margarida Gomes que se engasgou. Entre estas opções, ainda estou indeciso.

Especial Playstation 3 III

13-Abr-2007. Aviso no jogo Go! Sudoku para a Playstation 3. No que fique totalmente ilegvel, que o nosso crebro tem capacidade para interpolar as letras em falta, mas a Sony devia ter um mnimo de cuidado se quer continuar a fazer tradues de todos os jogos para todas as lnguas.

A ver se não esqueço!

18-Abr-2007. Anúncio da TAP em Lisboa, enviado por um amigo. Obrigado à TAP, empresa pública, por nos ensinar que o plural de "conference call" em português é "conference call". A ver se não esqueço!

Especial Playstation 3 II

13-Abr-2007. Aviso num jogo da Playstation. Já não me lembro do título do jogo, porque vi vários de uma vez. O engraçado é que, sendo este um aviso que aparece em quase todos os jogos, é sempre traduzido de forma diferente, o que, inevitavelmente, acaba por dar asneira uma vez por outra.

Um erro "de mais"?

10-Abr-2007. Primeira página do jornal Record, da Cofina, enviada por um amigo. A língua portuguesa, que tão simples e regular é nas suas regras, tem alguma rasteiras que parece terem sido inventadas só para nos chatear. Aqui está uma delas: escreve-se "tarde de mais" ou "tarde demais"? Segundo o Ciberdúvidas, "de mais" é uma locução adverbial de quantidade, enquanto "demais" é um advérbio de intensidade. Portanto: quantidade versus intensidade. Regra prática copiada ainda do Ciberdúvidas: "opor 'de mais' a 'de menos'. Se 'de menos' for possível, é natural que 'de mais' também seja possível." Existirá "tarde de menos"? Admito que sim, com o sentido de "não se atrasou suficientemente".

Então o título do jornal não é erro? Se calhar não, mas é este "se calhar" a tal parte que chateia.

Especial Playstation 3 I

07-Abr-2007. Página de registo de utilizador da Playstation 3, que simpaticamente nos é apresentada em "portuges" [sic]. Esta consola de videojogos da Sony pode ser o último grito da tecnologia, mas não havia só mais um bocadinho de tecnologia para fazer uma revisão automática deste erro, e dos próximos que vou apresentar?

Alguém viu esta rapariga?

05-Mai.2007. Parte de cartaz concebido pelo jornal inglês The Sun. O texto integral:

Alguém viu esta rapariga? Madeleine McCann de três anos de idade, desapareceu na quinta-feira do Ocean Club na Praia da Luz, Algarve Ocidental. Foi levada da sua cama enquanto dormia, depois dum assalto no quarto dela. O jornal britânico, The Sun, está a oferecer 15,000 euros (10,000 libras) (o pagamento está discrição do editor) a quem possa dar alguma informação sobre onde fica a rapariga. Telefonem 0044 20 7782 4105 - a mesa da notícia The Sun, or 282 76 29 30 - Lagos polícias.

Não concorda?

07-Abr-2007. www.jornaldenegocios.pt, da Cofina. "Os resultados da auditoria [blá-blá] não foi bem recebida" [sic]. Não concorda? Pois não.

Preço por "ud" [sic]

06-Abr-2007. A forma como a Ikea apresenta os preços em quatro línguas, enviada por um amigo. A ver: português, espanhol, catalão, francês. O preço é sempre à unidade, usando-se o símbolo abreviado segundo o costume de cada língua, com uma única excepção, e o azar calhou logo a nós.

Só português tem esperto no cabeça

29-Mar-2007. Óculos entregues aos espectadores das sessões de cinema em 3-D nos cinemas Lusomundo, da Portugal Telecom. Devo dizer que é com supremo orgulho nacionalista (expressão perigosa!), embora misturado com sarcasmo, que vejo que ingleses, franceses, espanhóis, esses estrangeiros são todos uma cambada de burros que precisam de instruções para pendurar uns simples óculos na ponta do nariz. Os portugueses da Lusomundo, que do alto da sua gloriosa mundividência cuidam do bem-estar do povo lá em baixo, terão certamente insistido com o fabricante dos óculos para não incluir instruções em português, por forma a assim não macular o nosso orgulho, que tão longe nos tem levado nesta contenda global contra os bárbaros que falam outras línguas.

Grandes momentos do marketing nacional

14-Ago-2006. Embalagem de margarina Planta, da multinacional Unilever, enviada por um amigo. Repare-se na artimanha da mensagem: o "Instituto [credibilidade] Superior [mais credibilidade] de Ciências da Saúde [ainda mais credibilidade] Egas Moniz [total credibilidade]" não recomenda que se coma Planta, mas a associação na mente do consumidor incauto é inequívoca. Coma Planta que o Egas Moniz aprova, e o facto de ele ter provavelmente recebido uma contribuiçãozita pelo seu conselho, por favor não o considere menos válido.

Faz-me lembrar este momento ainda maior do marketing nacional, mas cujo cromo me falhou, em que o refrigerante Luso Fibras pretendia ser uma água que fazia perder peso, com o aval de uma tal "Associação Portuguesa de Nutricionistas". Publicidade enganosa, por uma vez tiveram de a retirar.