Fixação ou afixação?

02-Mar-2007. Papel colado na parede de uma obra, Lisboa. Passemos ao lado do acento errado em "È" e concentremo-nos na "fixação de publicidade". Ou deveria ser "afixação"? Segundo o dicionário da Priberam, fixação é o acto de fixar, e afixação é o acto de afixar. Por sua vez, fixar é tornar fixo, cravar, estabelecer; afixar é fixar, pregar editais e avisos em lugar público. Portanto, parece que "fixar publicidade" não está mal, mas "afixar publicidade" estaria melhor.

Noites espanholas

26-Fev-2007. Anúncio de imprensa das lojas Noctalia Molaflex. Pelo portunhol usado, a origem desta cadeia é inequívoca. Só tenho pena é de ver que, aparentemente, a Molaflex foi vendida aos espanhóis. Isso quer dizer que vai deixar de vender aquele modelo de colchão com um nome fabuloso - "Molinhas"?

Que idade teria o legendador?

25-Fev-2007. Reportagem da SIC Notícias. Ficha técnica: Rita Serrabulho/jornalista, João Nunes/edição. Um destes dois (ou ambos) é responsável pelo erro "à [sic] pouco tempo".

Um nome luso-inglês

24-Fev-2007. América Diamond's Hotel, em Lisboa. O nome do hotel parece ser inglês, mas então o que faz o acento em "América"? Engano ou parolice?

Cromo repetido

17-Fev-2007. Reportagem na RTP1. Esta reportagem, ou pelo menos esta entrevista, já tinha passado na RTP, e nessa altura consegui tirar uma fotografia muito mazinha daquele monitor de computador que diz "Diga não há [sic] violência". Desta vez consegui apanhar o ecrã por inteiro, incluindo a cara deste oficial. Só me falta o nome dele. Talvez fique para uma nova repetição da reportagem - e do erro.

"Já dura à [sic] bué�"

16-Fev-2007. Uma qualquer série barata da SIC Radical. Tradução e legendagem: Ana Cristina Ferreira/DIALECTUS. Parabéns a esta menina por dar o nome por inteiro. Eu sei que lhe pagam pouco e mal, mas é como dizia o provedor da RTP no seu último programa: a pressa e a pressão da TV não justificam todos os erros que aparecem no ecrã.

Erro "práctico" [sic]

16-Fev-2007. Anúncio do Gigashopping, uma empresa de televendas. O livro na imagem é o tal "guia práctico" [sic] oferecido na compra de outro livro. Já vi esse livro ao vivo e juro que nunca vi um livrinho daquele tamanho custar 40 euros, e não é a oferta deste "guia práctico" [sic] que vai compor a pechincha. Ainda por cima, o Gigashopping vai logo avisando que não aceita devoluções, ao abrigo de uma excepção qualquer da lei de vendas à distância.

Grandes momentos do marketing nacional

09-Fev-2007. Autopromoção do jornal Expresso, de Balsemão. "Vamos colocar as coisas no sério", está agora a dizer uma presidente de câmara na TV, e as palavras dela aplicam-se perfeitamente a mais este grande momento do marketing nacional. Para contornar a lei e cobrar apenas 5% de IVA em vez de 21%, o Expresso vende um audiolivro em que a componente principal (o áudio-CD) é oferecida e a componente acessória (um livrete) é que é vendida. 'Tá bem, 'tá, nós acreditamos que é assim e não o contrário. E o fisco também acredita, pelos vistos. Infelizmente estou a defender o fisco neste caso, mas não vejo como seja possível, sem que alguém nesta história tenha de passar por parvo, vender audiolivros oferecendo o áudio.

Se isto passa, então que vendam álbuns de música oferecendo o disco. Espera lá, os jornais também já fazem isso? Fantástico.

"Bem Vindo" [sic]

06-Fev-2007. Folheto da feira de queijos, enchidos e vinhos dos hipermercados Continente. O Continente até nem costuma escrever mal "bem-vindo". Desta vez chame-lhe azar!

Alho fino

22-Fev-2007. Jornal publicitário Dica da Semana, dos supermercados alemães Lidl, enviado por um amigo, que explica o erro:
"Alho francês não é o que está na imagem e não é o que estava à venda. O produto em promoção era alho-porro, também conhecido pelo nome mais fino de alho-francês, cujo nome científico, em latim, é Allium porrum. Por outro lado, o Allium sativum (alho) pode ser alho francês se produzido em França, ou pode ser alho português se produzido em Portugal."
Para quem duvidava da utilidade e até da razão de ser dos traços-de-união, este erro é o mais ilustrativo possível. O nosso amigo aponta ainda para o traço a fazer as vezes de zero, na indicação do preço, prática que por enquanto só a própria Lidl vai desenvolvendo por cá.

A moda do "caffé" [sic]

16-Fev-2007. Cineteka, um videoclube/"cyber" (hã?)/"caffé" (oh não) em Lisboa. É assim: contra modas não podemos fazer nada. Mas tal como a muleta "é assim" já está a passar de moda, também espero que a moda dos "caffés" também passe depressa, tantos são os que já coleccionei nos últimos dois anos. O que me deixa triste é que esta seja uma moda que demonstra ignorância, pois a palavra "caffé" não existe em nenhuma língua e é portanto uma invenção completamente saloia.

Grandes momentos do marketing nacional

15-Fev-2007. Anúncio online ao Sapo ADSL. Os gestores de produto do Sapo devem achar que somos muito burros. "Navega o tempo que quiseres" porque não é o tempo que pagas, é o tráfego!, e nós queremos que navegues muito tempo que é para pagares muito tráfego! É como ir a um restaurante de comida ao peso que anuncie "fique o tempo que quiser"! Claro que, quanto mais tempo ficar no restaurante, mais tendo a comer e, por isso, mais vou pagar! Ou, como noutro restaurante que abriu no centro comercial Picoas Plaza, em Lisboa, que anuncia "coma tudo quanto quiser" porque o que cobra é o tempo que se fica na mesa! Eu sei que o Sapo está a divulgar uma característica objectiva do serviço, mas tem de dizer logo tudo, senão engana-nos.

Se os erros pagassem imposto...

13-Fev-2007. Anúncio online à cadeia de gabinetes de contabilidade Fiducial. Se os erros pagassem imposto, eu diria à Fiducial que "começe" [sic] a pagar já hoje.

Ainda posso assinar?

13-Fev-2007. Notícia em www.sic.pt, enviada por um amigo. "Pagar a" é diferente de "pagar por". As preposições afinal servem para alguma coisa!

Assegure o seguro

13-Fev-2007. Preçário interactivo nas lojas Fnac. "Assegure o seu portátil" é diferente de "segure o seu portátil". A primeira forma quer dizer "garanta a disponibilidade do seu portátil", ao passo que a segunda forma quer dizer "ponha o seu portátil no seguro".

O mundo "enteiro" [sic]

12-Fev-2007. Anúncio online a destinia.com. É um sítio espanhol, já se está a ver pelo mundo "enteiro" [sic].

Bater no ceguinho

09-Fev-2007. Email publicitário da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, feito pela agência italiana Fullsix. Isto já é bater no ceguinho, tantos são os emails recebidos desta agência sempre com os mesmos erros. Mas eu não desisto de os apontar, estão a ouvir, ceguinhos, ou também são surdos? Aqui vai o rol:
Primeiro, não se escreve "6ªf" - falta um traço-de-união e dois pontos de abreviação: "6.ª-f.". Mais valia escrever por extenso.
Segundo, "por que não avisa...?" está errado. Devia ser "porque [é que] não avisa...?" porque se trata de uma interrogação iniciada naturalmente com um advérbio interrogativo. Só no Brasil é que se usa a construção "por que...?"
Terceiro, os prefixos "hiper", "mega", etc. não são palavras! São prefixos, ou seja, têm de se juntar a outras palavras. Não existem "hiper mercados", existem hipermercados. Não existem "mega ciclos" ou "mega fones", existem megaciclos e megafones. Portanto, não escrevam "hiper jackpot" [sic] nem "mega pré
mio".
Estão a ver, senhores da agência? Ai não podem, desculpem.

"Subescrever" [sic]

09-Fev-2007. www.poweron.pt. Queria mudar de computador e vim ter a esta loja. Assim que me convidaram a "subescrever" [sic] a "newsletter", saí logo. Embora a forma "subescrever" até possa parecer razoável na sua formação, o termo correcto escreve-se "subs-" porque vem directamente do latim e nunca evoluiu. A divisão silábica do termo correcto é subs-cre-ver (três sílabas), em vez das quatro sílabas de su-bes-cre-ver, o que significa que há diferença na pronúncia de um termo e do outro. Mas é verdade que cada vez mais ouço dizer "subscrever" como se tivesse quatro sílabas.

Costa da Caparica

09-Fev-2007. Noticiário SIC. É só para recordar que a forma correcta é Costa da Caparica, mas as restantes Caparicas são de: Monte/Charneca de Caparica. Porquê, não sei. O que sei é que existe uma toponímia oficial e é essa que deve ser seguida, nem que se tenha de decorar este caso, à falta de qualquer lógica.

É como "quizer" [sic], freguês!

06-Fev-2007. Anúncio online da sueca Tele 2. O erro "quizer" é indesculpável; a real concorrência de preço com o líder Sapo é louvável. Oxalá eu pudesse ser cliente da Tele 2, mas não posso porque a minha linha telefónica está ligada a uma "central remota" e a PT não me muda a linha para uma central "não-remota".Até parece que estou a ser castigado, mas sem saber porquê.

Tentem outra vez

05-Fev-2007. www.sonae.com. Esta página acabou de ser remodelada e agora passou a dizer "bem vindo" [sic]. Aguardemos a próxima remodelação.

"Lápis de Côr [sic]"

05-Fev-2007. CD "Lápis de Côr [sic]", editado pela Ovação. Crianças que vão receber este disco, aprendam, aprendam mal! A razão por que não é preciso acento em "cor", apesar de haver uma homógrafa que se lê cór, é que não há hipótese de se hesitar entre as duas pronúncias. Ninguém diria "lápis de cór", tal como ninguém diria "sei a tabuada de côr".

"Pára Brisas" [sic]

05-Fev-2007. Clínica do "Pára Brisas" [sic]. Devia ser "pára-brisas", uma só palavra que é um substantivo e designa o vidro dianteiro dos carros. "Pára brisas", ou "[ele] pára brisas", são duas palavras: verbo e complemento directo.
Aproveito para assinalar o facto de "pára" ter acento, o que se justifica unicamente para se distiguir da preposição "para". Dito doutro modo, se não existisse a preposição "para", então "pára" não precisaria de ter acento.