Paciência infinita

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Obsecado [sic]II SÉRIE |
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Publicidade do cartão de crédito Unibanco Oxygen, da Unicre, uma sociedade-cartel dos bancos nacionais. Trata-se de publicidade enganosa, que usa uma chico-espertice matemática para enganar o incauto. Um ano depois, continua a mentira. O IC não devia estar a olhar para esta publicidade enganosa? 'Receba 3 euros por cada 100 euros' é uma expressão com uma interpretação clara e inequívoca. EU GASTO 100 EUROS E O CARTãO DEVOLVE-ME 3. Claro e inequívoco, certo? Alguém que ache que esta expressão não tem uma interpretação clara e inequívoca, por favor diga-mo, que é ave rara.
Pois então, se estamos em consenso quanto à clareza e inequivocação, passo a dirigir-me aos chico-espertos por detrás desta publicidade porque para eles a interpretação clara e inequívoca NÃO É BEM ASSIM... Mentirosos, dizem em letras grandes 'receba 3 euros por cada 100 euros' e só muito depois explicam que afinal é 3% da média mensal de cada trimestre (hã?, não percebi, ninguém percebeu, e por isso é que vocês têm de explicar a seguir com um exemplo). Mentirosos!, se eu fosse atrás do vosso cartão, garanto-vos que vos exigiria os 3 euros por cada 100. A língua serve para comunicar e as palavras usadas têm um significado que não pode ser deturpado a vosso bel-prazer. Porque é que não dizem em letras ainda maiores 'receba 12 euros por cada 100 euros'? Ia dar ao mesmo segundo a vossa chico-espertice mas tinha muito maior efeito. Ou será que aí é que levantavam a lebre quanto à mentira e então é que era o escândalo total? Mas façam-no, atrevam-se já que se sentem tão impunes e sã
o tão chico-espertos. Vá lá, não se fiquem por 3%, 'dêem' 12% e a seguir expliquem em letra pequenina que são 12% da média mensal de cada ano. Ou seja, mintam como mentirem, o que vocês dão é sempre 1% (e só 1%) das compras feitas com o cartão. Não são 3%, não são 12%, não são o raio-que-vos-parta, com esta chico-espertice vocês dão sempre e apenas 1%, e é claro que isso não tem nada a ver com 'receba 3 euros por cada 100 euros'.
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Mais uma vez, a explicação: nas interrogações, só o Brasil usa "por que"; em Portugal, usamos o advérbio porque/porquê. Quanto à expressão "por que", só se pode usar em Portugal quando é substituível por "pelo qual" ou similar.
A não ser que... a não ser que falte ali uma palavrinha, uma preposição, que altera completamente o sentido à pergunta: "qual é o produto de que [você] mais gosta?"