"Flexisegurança" [sic]

20-Jan-2007. Duas seguidas: outra vez o Sol, agora na última página. Não é todos os dias que assistimos ao nascimento de uma nova palavra e não é todos os dias que assistimos sem qualquer dúvida a um efeito de carneirada, em que toda a gente vai atrás do erro inicial. A partir do termo inglês flexisecurity (aglutinação de flexible security), alguém declinou "flexisegurança" e nunca mais vi o termo escrito doutra maneira. Este exemplo do Sol é apenas o último dos que vi por todos os media.
O problema na "flexisegurança" é que a letra "s" entre duas vogais NUNCA se lê "ss", e esta regra não admite excepções em palavras comuns (só em nomes próprios de grafia tradicional, como seja Pintasilgo). Portanto, deve dobrar-se o s e escrever-se "flexissegurança", tal como (segundo a MorDebe): alternissépalo, ambisséxuo, amplisselvoso, antisseu, etc.

Como é que disse?

20-Jan-2006. Jornal Sol, primeira página. Não sei se é por causa da concorrência, mas a verdade é que deixaram de aparecer cromos oriundos do Expresso desde que saiu este seu novo concorrente, que também ainda não tinha dado cromos para a colecção. Até agora. Aqui vai o primeiro, e logo de primeira página, e logo um erro de sentido. Pois é, a citação (entre aspas e em negrito) não faz sentido, com ou sem questão do aborto metida ao barulho.

Portuchinês

13-Jan-2007. Verso de embalagem, já publicado no sorumbatico.blogspot.com, a cujo responsável agradeço o seu envio. É óbvio que esta embalagem foi integralmente preparada na China, mas o importador nacional não se ralou com a total incompreensibilidade do texto, pois não? Se calhar ele também é chinês e consegue perceber o que diz o texto! Já agora, porque é que o código de barras começa por 385, o código da... Croácia?

Colecção de erros

19-Jan-2007. Email recebido da marca de sabonetes e afins Dove, da multinacional Unilever. Suponho que esta coisa foi feita pela agência Wunderman, da multinacional WPP, mas o certo é que foi feita muito, mas muito à pressa. Cada prémio, cada erro: "chapéu de chuva" [sic, sem traços-de-união], "trolley" [sic, em vez de "trólei"], "necessaire" [sic, nem está bem escrito em francês nem parece ser mais do que uma bolsa de viagem], "termos Inóx" [sic, em vez de "termo em inox"], e ainda a gralha de "queijeirva". Para terminar a trapalhada, o endereço indicado não existe, seja com acentos ou sem acentos.

Manifesto anti-Uailde: prova 4

(continuação)

Prova 4: esta é a prova derradeira. Quando vi esta opção "convida amigos tótós" (repare-se no erro do duplo acento - deve ser "totó", tal como "bebé" ou "cocó"), não percebi o que queriam dizer com aquilo: estavam a insinuar que eu tinha amigos menos inteligentes? E só queriam que eu convidasse esses, e não os amigos "normais"? Afinal não era assim, o convite é para qualquer pessoa. Para quê então chamar-lhe "totó"?

Foi então que descobri: os "totós" são os que ainda não estão registados! Quem está dentro é fixe, quem está fora é totó. Se não alinhas, és totó.

Esta é a essência do Uailde: a caracterização negativa de quem está fora - os "totós", e a superlativização de quem está dentro - os "uaildes". Ser totó é não estar com o grupo, é não pertencer ao grupo. Ser "totó" é não alinhar com um registo de linguagem estereotipado para um público-alvo estereotipado. Por oposição, não ser "totó" - ser "uailde" - é aceitar e manter o estereótipo de que o jovem de hoj
e é burro e imbecil, de que escreve com um alfabeto de seis letras e fala com três sílabas. Ai se eu fosse jovem, como gostaria de saber se conseguiria manter-me orgulhosamente "totó".

Manifesto anti-Uailde: prova 3

(continuação)

Prova 3: "Mostra que és!" E como mostras que és? Jogando este jogo, em que controlas a mira para disparar contra os transeuntes. Acertas, faz sangue, é "lócura"! É mas é de loucos.

(continua)

Manifesto anti-Uailde: prova 2

(continuação)

Prova 2: Email recebido com a confirmação do registo no sítio. É também a confirmação do registo da linguagem: "Comé, tasse? [...] Tás aqui, tás Uailde!". E não têm razão quando dizem "agora [...] começa a lócura", porque a loucura, como demonstrei, já tinha começado.

(continua)

Manifesto anti-Uailde e prova 1

10-Jan-2007. www.uailde.com, um sítio da americana McDonald's powered by Fullsix, a agência italiana do grupo WPP. O Uailde é um programa de incentivo ao consumo e de fidelização de consumidores dos hambúrgueres McDonald's. Pede um menu, ganhas 1 código; pede um supermenu, ganhas 2 códigos. Os códigos são depois introduzidos neste sítio, que requer registo prévio, e trocados por prémios.

Sou perfeito conhecedor da polémica em torno do valor nutricional dos produtos de fast food, e tenho acompanhado o esforço da McDonald's em educar o povo antes que o povo lhe vire completamente as costas. Veja-se, por exemplo, www.mcdonaldsmenu.info, onde a empresa revela honestamente e ajuda a calcular, também honestamente, quantas calorias e gramas de gordura contêm os seus produtos. É nesta onda negativa para o seu tipo de comida que a McDonalds tem de fazer negócio. No entanto, parece que a mensagem em Portugal ainda não passou completamente, uma vez que não só a empresa continua a lançar hambúrgueres gigantes, como lançou este programa Uailde, lançado especificamente aos jovens. E não vi ainda quem tenha falado contra esta política de dar uma no cravo enquanto se dá outra na ferradura. É por isso que decidi escrever este manifesto, aproveitando o estilo de comunicação adoptado no sítio.

Como chegar à juventude de hoje, no escalão etário 16-30? Simples, falar a sua linguagem!, dizem os entendidos, ou seja, os criativos publicitários. Falar ao seu estilo!, dizem os outros entendidos, ou seja, os consultores de marketing. Portanto, linguagem SMS, estilo primário. Pegando em exemplos de cromos desta colecção: Keres voar?, pergunta o BCP, abre a tua Konta, diz a CGD, toma lá Xekes-Cinema, diz a Lusomundo; as galinhas não voam, por isso é que vocês me percebem, é o estilo do BCP, o teu futuro já está a kontar é o estilo da CGD. Mas como fazer mais e melhor? Segundo o McDonald's e a Fullsix, a resposta é o Uailde. Falar ainda mais a linguagem, imitar ainda melhor o estilo. Que o Uailde, como vamos ver, tenha conseguido ver a luz do dia, é a prova de que se está a ir longe de mais, e que alguém tem de dizer Basta!, os nossos filhos não são assim tão burros e primários! Não é preciso descer tão baixo para falar com os jovens! Não é preciso tratá-los desta maneira para conseguir a sua empatia! E, no entanto, é assim que funciona o Uailde. Descendo ao fundo, usando linguagem imbecil, em estilo imbecil, porque os seus clientes só podem ser imbecis. Só podem, pensam eles. Permitam que discorde, permitam que pense o contrário, permitam que acredite que não é preciso ser tão mau nem descer tão fundo, como vou provar a seguir, para se conseguir falar com a juventude. Oxalá este Uailde produza o efeito contrário ao pretendido pelos seus promotores e que, de tanto terem exagerado, o seu público-alvo perceba que afinal não é tão imbecil como eles querem que seja. Este é o manifesto, agora manifestem-se vocês!

Seguem-se quatro provas ilustrativas da linguagem e do estilo "Uailde".

Prova 1: o sítio emprega permanentemente uma gíria "surfista", onde até os simples "sim" e "não" são substituídos por "tasse" e "népia".
- Tens a certeza?
- Tasse
(= sim, tenho a certeza).
Escolhi este cromo porque, além do erro "tens a certeza que...?", os próprios criadores do sítio se perderam no meio da gíria, e neste caso as respostas funcionam ao contrário do que seria de esperar, pelo que é preciso clicar na resposta que não se pretende dar. Bem feito!

(continua)

Começaram as "sales" [sic]

10-Jan-2007. Lojas Sacoor Brothers. Sinceramente, não há nada que me dê mais prazer do que ver uma insígnia portuguesa conseguir lutar contra as estrangeiras e manter-se com (aparente) sucesso. Sinceramente, não há nada que me dê mais azia do que ver que esse sucesso é conseguido à custa do total disfarce da origem nacional. Neste caso, desde o nome da loja até à publicidade, tudo está em inglês. Se, no caso do nome, tal é permitido por ser uma expressão de fantasia, já no caso da publicidade (em cuja definição se inclui a comunicação veiculada nas montras dos estabelecimentos), isso é expresssamente proibido pelo Decreto-Lei 236/86, de 19-Ago. Infelizmente, de todas as reclamações que tenho deixado espalhadas nos respectivos livros oficiais desde o último ano, e que sei que chegaram garantidamente à ASAE, NEM UMA VEZ se dignaram responder-me ou sequer agir sobre o que escrevi. O Livro de Reclamações, constato com muita pena, não funciona, e é por isso que tenho a certeza de que estas "sales" continuarão impunes até terminarem a 28-Fev.

"Nem dez décimos!" [sic]

09-Jan-2007. Jornal Metro. Peço desculpa pela qualidade da fotografia, mas continuo a aguardar um patrocínio da Nokia que me permita trocar de telemóvel. No entanto, ainda dá para ler as declarações do presidente da associação dos taxistas, que de qualquer modo transcrevo para aqui: "Os táxis não produzem nem dez décimos [sic] daquilo que os outros poluem. Deviam era limitar o transporte particular" Evidentemente, tenho de ressalvar que não sei se foi o jornalista Bruno Martins que citou mal aquilo que deverá ter ouvido, ou se estas declarações apenas confirmam que os taxistas estão completamente viciados a enganar-se nas contas que fazem. Em todo o caso, aqui fica a minha sugestão para os taxistas conseguirem diminuir as emissões de dióxido de carbono e continuar a trabalhar todos os dias da semana: basta respeitarem os limites de velocidade! Não andem a 80 onde só podem andar a 50, não andem a 100 onde só podem andar a 80! Sejam vocês a exigir que vos coloquem limitadores
de velocidade, como nos autocarros. Assim ganhavam o respeito dos clientes, dos ambientalistas e de vós próprios, e o vosso presidente já não precisava de fazer figuras tristes.

Erros "proíbidos" [sic]

08-Jan-2007. Anúncio de autopromoção na RTP1. Mais uma regra errada que a escola não corrige e se calhar até incentiva: "em português, duas vogais seguidas formam automaticamente um ditongo, pelo que é necessário um acento para quebrar um ditongo". É por causa desta "regra" que temos erros vulgares como "proíbido", "saíu" e "raínha". Não há necessidade. A prova é que, se se tentar ler estas palavras com os ditongos forçados, é a pronúncia das próprias palavras que sai forçada. Como a evolução da língua é no sentido da simplificação, tudo o que é forçado acaba por ser simplificado - nestes casos, nem há ditongos nem é preciso acentos para os quebrar.
Nota ainda para "Terça Feira" [sic], sem traço-de-união e com ambas as palavras iniciadas por maiúscula.

Mensagem privada, desculpem

07-Jan-2007. Janela do Microsoft Windows XP. Peço desculpa, mas esta mensagem é só para o meu vizinho Pedro: caro vizinho, como bons vizinhos ao estilo moderno que somos, não sei quem você é nem você me conhece, pelo que estou a usar este meio público para o avisar de que a sua rede sem fios está aberta, desprotegida e ao meu alcance. O meu computador esteve "Á [sic] espera da [sua] rede" e conseguiu ligar-se a ela. Vá por mim: no seu router sem fios, pelo menos desactive o "broadcast SSID" e autorize apenas os "MAC addresses" dos seus equipamentos; se quiser, vá mais longe: desactive o "DHCP server", passe a usar endereços IP fixos e defina a gama de endereços IP estritamente necessária; quer mais?, coloque protecção WEP ou, melhor ainda, WPA; finalmente, deixe-se do Sapo e mude para um operador alternativo - para quê pagar o dobro pelo mesmo serviço?

Não se retém o talento, não!

07-Jan-2007. Anúncio de imprensa da empresa de consultoria Ideiateca, assinado pela agência raulpina.net. Foi o erro em "hóteis" [sic] que primeiro me cativou a atenção, mas depois tive de ler este texto mais que uma vez para perceber o seu sentido, para perceber a que se referia a "mesma" da última linha. Temos aqui um problema de estilo, porque pode ler-se "na mesma" como uma locução com o significado "ainda assim", ou pode ler-se "na mesma" como "na equipa referida quatro linhas acima". Quer por isso parecer-me que nesta agência também não se reteve o talento de um copywriter que pudesse redigir um texto melhorzinho.

Calças espanholas

28-Dez-2006. Talão de venda da loja El Corte Inglés, Lisboa. Já tinha por aqui dito que em espanhol não existe o c-de-cedilha (agora também sei que, ironicamente, "cedilha" é uma palavra de origem espanhola, porque o sinal existiu por lá até ao séc. XVIII). Já tinha por aqui mostrado algumas substituições que os espanhóis fazem quando têm de escrever o nosso "ç". A atitude normal é ignorar a cedilha, claro; mas também já vi usarem o "z", à espanhola e à bruta; e do Toys'R'Us também já vi, e cá tenho, um exemplo com s-de-cedilha (dos alfabetos romeno e turco). Vem agora a substituição mais original e a que deve ter exigido maior esforço de imaginação por parte de quem a concebeu: o algarismo "8", o que dá "cal8as" [sic] em vez de "calças".

Ibersol renova equipa de gestão de boas-vindas

27-Dez-2006. Restaurante Pasta Caffé [sic], da Ibersol, no centro comercial Odivelas Parque. Aqui vai a notícia inventada (atrasada na Redacção):

«A Ibersol, sociedade cotada em bolsa, renovou a sua equipa de gestão de boas-vindas para o conjunto dos restaurantes que explora. A equipa anterior, segundo um dos administradores da empresa citado no comunicado de imprensa, "foi despedida com justa causa após termos recebido inúmeras queixas de consumidores de que não sabíamos escrever benv... bemv... ehh, aquela palavra que temos à entrada dos nossos restaurantes". A nova equipa é constituída por três pessoas recrutadas em institutos superiores privados, cuja única função é preparar as placas com a palavra benv... bemv... ehh, aquela palavra. O gestor da maior empresa de restaurantes em Portugal está muito esperançado nestas contratações "porque trazem uma dinâmica reforçada ao negócio e estes jovens de hoje vêm cheios de ideias novas". Ideias que, acrescentamos nós, estão já a aplicar, como se pode ver nesta fotografia que acompanha o comunicado. "Esperamos desta forma que o público renove em 2007 a preferência que já nos tinha dado em 2006 e que se reflectiu nos prémios que ganhámos (excepto um que tinha a ver com orelhas de burro e que achámos injusto", rematou o gestor cujo nome não é citado no referido comunicado.»

Da minha parte, prometo que vou continuar em 2007 a dar à Ibersol a minha preferência (e prémios que têm a ver com orelhas de burro), conquanto ela o continue a merecer.

Orgulho nacional - parte 2

24-Dez-2006. Aquecedor a gás Hotspot, da Galp Energia. Abre-se a tampa do aquecedor, e aqui estão as "instruções". Não preciso de dizer que não fui a Paris comprar o aquecedor, pois não?

Orgulho nacional - parte 1

24-Dez-2006. Aquecedor a gás Hotspot, da Galp Energia. Não, não há erros neste cromo. Agradeço é que leia a mensagem desta etiqueta, ainda presa ao aparelho, para melhor compreender o cromo que se segue. 100% nacional? É o que vamos ver!

"Conosco" [sic]

20-Dez-2006. Carrinha em Lagos, enviado por amigos. Os meus amigos brasileiros não vão perceber este cromo, que eles resolveram e simplificaram um caso desconfortável de aglutinação (fusão de palavras). De "com nosco" ficou "connosco" em Portugal, "conosco" no Brasil. Exactamente o mesmo caso se encontra em "comummente" (Portugal) e "comumente" (Brasil).

Professor de "Metereologia" [sic]

20-Dez-2006. Programa "2010", RTP2 e RTPN. Coitado do professor, vítima de um erro tão comum, tão frequente, que mais valia regularizá-lo. Até lá, é indesculpável que um programa de divulgação mostre este erro, e até é ofensivo para o visado.

"Hóteis" [sic]

17-Dez-2006. Noticiário SIC. Não peço desculpa aos professores da primária. Antes pelo contrário, só pode ser deles a culpa por este erro e a responsabilidade pela difusão generalizada da regra - errada - de que "os acentos servem para abrir as vogais". Esta regra, associada à outra regra, também generalizada mas desta vez correcta, de que "cada palavra só pode levar um acento", leva ao erro de "hóteis" [sic].

É um erro português, "concerteza" [sic]

15-Dez-2006. Embalagem de molho Dom Molho, da (do?) Dom Duarte. Podiam ter escolhido o slogan "O rei dos molhos", mas preferiram "um molho português, concerteza [sic]". Azar. Apesar de eu não ter dúvidas de que estamos a assistir aqui ao nascimento de um novo vocábulo - um advérbio, num processo análogo ao seu sinónimo "decerto", a palavra ainda não está dicionarizada e o (a?) Dom Duarte não pode usá-la desde já.

Passatempo de fim-de-semana

15-Dez-2006. Cerveja 33cl, produzida pela Cintra para os hipermercados Continente. Aqui vai um passatempo-desafio: pegue na expressão "cerveja que é cerveja não tem nome tem classe" [sic] e coloque-lhe uma pontuação criativa. Atenção: não pode alterar a ordem das palavras nem inserir palavras novas. Deixe o resultado nos comentários, por favor (pode assinar anonimamente). Começo eu:

Cerveja que é cerveja não tem nome? Tem classe...

"Parabens" [sic]

1993. Programa/concurso "Parabéns", com Herman José, a passar na RTP Memória às tantas da madrugada. Eu sei que prometi que não ia coleccionar mais cromos só com faltas de acentos, mas não é todos os dias que se apanha um cromo-fóssil como este.

O "conjugue" [sic] ainda é o menos

09-Jan-2007. Condições Especiais de Frequência e Avaliação dos Estudantes Universitários por Maternidade e Paternidade, da Faculdade de Economia do Porto, enviado por um amigo. Duas vezes "conjugue" em vez de "cônjuge". De resto, vale a pena ler este documento na íntegra, de tão mal escrito e tão mal ordenado de ideias que está. Por exemplo: a adopção está incluída no capítulo sobre maternidade, pelo que só a mãe tem condições especiais; o pai adoptivo não tem direito a nada. Por exemplo: mães podem pedir dispensa de aulas para acompanhar filhos adoptivos ou enteados, mas não para filhos que tenham dado à luz. Último exemplo: o pai tem dispensa de aulas por cinco dias no "primeiro mês a seguir ao nascimento do filho", mas também tem dispensa de aulas por "seis semanas a seguir ao parto". Claro que se o nascimento do filho não ocorrer ao mesmo tempo que o parto, então não há contradição. Este documento foi aprovado pel
a Secção Pedagógica do Senado da Universidade do Porto.

Sobriedade no trabalho, precisa-se

11-Dez-2006. Mupis da rádio TSF em Lisboa. Para quê "cognac" se já temos o conhaque? Pior ainda, crasso, crasso, é o sujeito estar separado do predicado por vírgula ("tudo passa na TSF").

Meteram mesmo água

26-Nov-2006. Stand da agência de publicidade Far, no Salão do Imobiliário, na FIL, Lisboa. Que cromo mais irónico... Queriam meter água através da fotografia de fundo, mas onde meteram mesmo água foi a escrever "atraír" [sic]. O acento não é preciso para nada (alguém pronunciaria - seria sequer capaz de pronunciar - o ditongo?). Por isso, não se põe o acento. Querem regra mais simples do que esta?

O protocolo é que manda

29-Nov-2006. Gabinete numa câmara municipal que esqueci (será Lisboa?), com as bandeiras trocadas. Isto é como os pódios dos Jogos Olímpicos ou dos campeonatos de atletismo: ao centro, a bandeira mais importante (Portugal), a segunda mais importante (UE) fica à sua direita (como Jesus à direita do Pai, mas é a nossa esquerda), e a terceira bandeira (município) fica à sua esquerda. Já se forem só duas bandeiras, a ordem inverte-se e a mais importante fica à direita da segunda, vá-se lá perceber porquê.

Donde vem este café?

19-Dez-2006. Cafés Delta Gourmet. Peço desculpa pela segunda linha do cromo, que nem sei como traduzir. Esta linha de cafés "gourmet" (como é moda agora dizer-se) tomou o nome dos locais de origem de cada lote (em inglês, que sabe mais fino): Tanzania, Kenia, Papua, etc. O problema é este "Hawai" [sic], que nem é inglês nem é havaiano nem é português nem é nada.

Grandes momentos do marketing nacional

15-Dez-2006. Promoção do lava-tudo "Cillit Bang", da multinacional Reckitt-Benckiser. Alguém aqui é muito estúpido, e aposto que os senhores que inventaram esta promoção querem que sejamos nós, para que eles apareçam como os "inteligentes". "Um milhão" é o prémio, um milhão de moedas de cêntimo. Os gestores de produto não percebem o ridículo da situação que criaram, ou estão demasiado deslumbrados com a sua esperteza saloia? Uma multinacional sortear um milhão, mas de moedas de cêntimo (o custo de uma ou duas passagens do anúncio do produto na TV), é ridículo, é indigno, é achincalhante, é estupidificante, é estúpido.

Uma editora que "agradeçe" [sic] a sua preferência

14-Dez-2006. Anúncio de imprensa da editora Climepsi. Vi este anúncio uma dúzia de vezes durante quatro semanas. Ou seja, tempo suficiente para corrigir o erro, que não foi corrigido.

Que raio de ideia é esta?

15-Dez-2006. Três pormenores da embalagem de creme para barrar Planta Ideia!, da multinacional Unilever. Suprema ironia, uma "margarina" infantil, que ajuda a desenvolver o cérebro (mais um grande momento do marketing), numa embalagem cheia de erros. São gralhas, erros ortográficos e erros de pontuação (incluindo vírgulas a separar sujeitos de predicados, razão para chumbo imediato na escola). Quem for trabalhar na Unilever daqui a uns anos devia começar já hoje a comer esta "margarina" (se é que funciona) para depois não repetir os mesmos erros.

PS Pais, além da "Planta Ideia! com DHA & ALA", não se esqueçam de continuar a dar diariamente aos vossos filhinhos o óleo Fula com ómega-3, o comprimido diário de Centrum Junior, as ervilhas Iglo com vitaminas, o Sunny Delight com vitamina C, o Kinder Supresa com leite e cálcio, o pão de forma Bimbo sem colesterol, as bolachas Floribella com fibras, e um copo de leite de cada uma das 25 variedades de leite Mimosa que existem.

Erro "gratuíto" [sic]

07-Jan-2007. Mupis espalhados por Lisboa anunciando o novo Diário Desportivo, pela agência de publicidade People Connection. Se era para ser "gratuíto" [sic], mais valia que custasse nem que fosse 1 cêntimo.

Vem aí referendo

14-Dez-2006. Movimento "Não obrigada", formado para a campanha do referendo sobre o aborto. Não percebi pelo nome deste movimento se são a favor ou contra o aborto; acho apenas que percebi que eles querem que a mulher não seja obrigada. "Não obrigada" a quê? Não obrigada a abortar? Não obrigada a não abortar? Ou será que falta uma vírgula entre as duas palavras?

Grandes momentos do marketing nacional

13-Dez-2006. cinema.sapo.pt, enviado por um amigo. "Xekes" para os jovens e "ticketing" para os inovadores. Havia necessidade desta "inteligência" linguística?

Que raio aprendem na escola?

09-Dez-2006. Folheto enviado por um amigo. Ele é bacharel, ele tem o curso de tradutores do ISLA, ele sabe "françês" [sic] de todos os "niveis" [sic], com preços "acessiveis" [sic]. Ele, ou ela. Será que fez mesmo o curso?

Preguiça mental ou falta de tempo?

16-Dez-2006. www.celeiro-dieta.pt, enviado por um amigo. Não tiveram tempo para traduzir a lista de países que foram buscar à Internet ou não estiveram para isso?

CGD copia BCP copia Lusomundo

16-Dez-2006. Folheto da Caixa Geral de Depósitos, banco de que todos somos donos, enviado por um amigo. A "Konta" da CGD é o "Keres voar" do BCP, é o "Xekes Cinema" da Lusomundo, é a Nokia com a sua linguagem SMS a meter-se na evolução da língua.

"À nove meses" [sic]

15-Dez-2006. www.negocios.pt. Um erro muito humilhante, mesmo que se trate de um estagiário não remunerado. Nem que fosse a empregada da limpeza a escrever a notícia, não tinha desculpa.

Brochura Andaltour II

16-Dez-2006. Pormenor da mesma brochura da agência de viagens Andaltour. Que simpática esta agência, dar-nos esta "pequena ajuda para comunicar" em "muçulmano" [sic]. É verdade que muçulmano e árabe são termos sinónimos em algumas situações, mas não em todas, pelo menos correntemente: nunca ouvi falar em "língua muçulmana", só em "língua árabe".

Brochura Andaltour I

16-Dez-2006. Pormenor de brochura da agência de viagens Andaltour, enviado por um amigo. Inúmeros erros e um estilo de escrita de escola primária, por quem se limitou a fazer um resumo tirado de um texto original de origem brasileira (em Portugal diz-se Emirados e Omã, no Brasil diz-se Emiratos e Oman).

Novo ano, velhas surpresas

08-Dez-2006. Publicidade, numa montra de pastelaria, ao Kinder Supresa, da alemã Ferrero. É preciso dizer que esta publicidade vem de Espanha? Começa mal o ano, sem surpresas.